TJ decide hoje sobre queimadas


Do Dourados Agora
Presidente do Condam, Ataulfo Alves Stein Neto, mostra relatório técnico contra queimadas Presidente do Condam, Ataulfo Alves Stein Neto, mostra relatório técnico contra queimadas

O Tribunal de Justiça decide hoje o futuro da atividade sucroalcooleira em Dourados. Se por um lado grupo de usineiros busca liberar a queima da palha da cana, por outro, ambientalistas protestam, recorrendo a relatórios técnicos que apontam prejuízos ao meio ambiente.

O impasse começou quando o Sindicato das Indústrias da Fabricação do Açúcar do Estado de MS ingressou na Justiça para tentar anular a lei municipal de Dourados que proíbe as usinas de utilizarem a queima da palha da cana de açúcar como método de colheita.

Por duas vezes durante a votação o projeto recebeu vistas e foi adiado. Nesta semana representantes da Comissão de Meio Ambiente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se reuniram com desembargadores na tentativa de convencê-los a votar contra a liberação das queimadas. Ainda na reta final, o presidente do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comdam), Ataulfo Alves Stein Neto, apresentou a maioria dos magistrados um relatório técnico com os impactos negativos causados ao meio ambiente, se a proposta dos usineiros for acatada.

No último dia 9, no julgamento da ação, o desembargador João Maria Lós pediu vistas, o que resultou no adiamento da audiência. Enquanto no dia 26 de outubro apenas o relator Claudionor Miguel Abss Duarte considerou a ação improcedente, no último julgamento, além dele, os desembargadores Josué de Oliveira e João Brantes Garcia votaram pela improcedência da ação. Brantes havia pedido vistas no julgamento anterior.

Os usineiros lutam para que o Tribunal de Justiça considere inconstitucional a lei municipal, que estabeleceu prazo até 2010 para que as usinas se adequassem ao sistema mecanizado de colheita. O Sindicato das Indústrias da Fabricação do Álcool do Estado de Mato Grosso do Sul alega que o município não tem legitimidade para restringir as queimadas, uma vez que contraria a Lei Estadual e a Federal. A primeira prevê a colheita manual até 2016 e a segunda até 2017.

Para o presidente da entidade, Roberto Cezar de Hollanda Cavalcanti Filho, as usinas precisam de um tempo razoável para se adequarem à Legislação. “As usinas passam por uma fase avançada de aquisição de maquinários e no treinamento de operadores. Neste contexto Mato Grosso do Sul é exemplo em relação a outros estados do país. O problema é que estas mudanças não podem acontecer de uma hora para outra”, considera.

Enquanto os usineiros lutam por um prazo maior de queimadas em Dourados, o município alega que existem métodos tecnológicos e equipamentos apropriados para o plantio e colheita da cana, “sem imposição de dano ao meio ambiente e à saúde da população, inexistindo motivos para a queimada, que destrói a biomassa e libera gás carbônico e outras substâncias”, segundo o processo. Neste entrave judicial a Câmara de Dourados, que foi autora da lei que proibiu as queimadas, chegou a alegar que a ação dos usineiros continha vícios, o que não foi acatada pelo Tribunal de Justiça. O julgamento segue agora para a legitimidade da lei municipal de Dourados. Se os desembargadores entenderem que esta não tem efeito, as indústrias poderão queimar palha da cana até 2016, segundo o que regulamenta o Estado.



Seja o primeiro a comentar!

Restam caracteres. * Obrigatório
Digite as 2 palavras abaixo separadas por um espaço.