Família e antigos colegas de dom Orani comemoram nomeação

Globo.com

Lourdinha Fontão, morta há 24 anos, é considerada uma “mulher santa” pelos habitantes da pequena São José do Rio Pardo, cidade a 267 km de São Paulo. Ela era benfeitora de diversas paróquias, organizava semanas religiosas, levava a comunhão a enfermos. Quando dom Orani Tempesta ainda era jovem e iniciava sua carreira religiosa na cidade, Lourdinha falou para a mãe dele, dona Maria: “Seu filho vai ser bispo e depois, papa”.

Quem conta essa história é dom Paulo Celso Demartini, abade do mosteiro cisterciense onde dom Orani ingressou aos 18 anos. Dom Paulo, 49 anos, e dom Orani, de 63, são até hoje muito amigos. Falam-se com frequência por SMS e WhatsApp. Assim como as irmãs ainda vivas do novo cardeal, Paulina e Ondina, dom Paulo se diz “muito feliz” com “a merecida nomeação”.

— Orani é muito dócil, afável, e tem um dom especial de se preocupar e ser amigo das pessoas. É de uma humildade contagiante. Devo muito a ele, uma espécie de mentor para mim. Mas toda vez que conversamos sobre as premonições de dona Lourdinha, ele desconversa. Bispo ele já é, né? E agora cardeal — diverte-se Paulinho, como o chama dom Orani, acrescentando que o amigo “tem todas as qualidades para um dia ser papa”.

No mosteiro, o clima ontem era de alegria. Assim como na casa de Paulina, 79 anos, e Ondina Tempesta, 75, únicas irmãs vivas de dom Orani. O novo cardeal é o caçula dos nove filhos de Dona Maria e seu marido, Achiles, “mortos há tantos anos que nem lembro a data exata”, comenta Paulina. Ela e Ondina moram em São Paulo. Paulina conta que tomava conta do irmão menor quando ele era bebê. — Ele era muito bonzinho, não dava muito trabalho. Mas sempre foi meio gordinho, aí eu tinha um pouco de dificuldade para carregá-lo no colo — relembra Paulina.

— Desde pequeno a gente sabia que a vocação dele era servir a Deus. Ele é uma pessoa com o coração do tamanho do mundo, de grandeza, dedicação e fé. Merece chegar onde chegou.

Paulina e Ondina apenas lamentam ver pouco o irmão, porque, dizem, ele é uma pessoa muito atarefada. Até ontem à tarde, nenhuma das duas, nem dom Paulo, tinham conseguido falar com dom Orani pelo telefone.

— Deixamos recado, depois ele retorna. É sempre assim, ele é muito ocupado. Mas sempre que pode pega a ponte aérea e passa um dia aqui com a gente, geralmente aos sábados — conta Ondina, que viajou para ver dom Orani tomando posse como arcebispo de Belém, em 2004, e do Rio, em 2009. — Só não sei se vai dar para ir a Roma, não tenho passaporte. Somos de uma família humilde.


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