Lula pede que oposição poupe a sucessora Dilma Rousseff e avisa que o governo será ‘dela, somente dela’

Presidente avisa que não participará do governo de Dilma. E pede que oposição poupe sua sucessora das críticas - apesar de continuar provocando adversários

Da Veja
(Foto: Wilson Dias/Agência Brasil) (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira, em sua primeira manifestação pública desde a vitória de Dilma Rousseff no segundo turno, que não participará de forma ativa do governo de sua sucessora. “O governo da Dilma tem que ser a cara e a semelhança da Dilma”, avisou. “É ela, e somente ela, que pode dizer quem ela quer ou não quer no governo”, garantiu. “Vou repetir como funciona na minha cabeça: rei morto é rei posto.”

Lula disse ainda que pretende “dar uma lição de como se comporta um ex-presidente da República”. “Um ex-presidente poderá dar algum conselho se algum dia for pedido, mas para trabalhar, nunca.” Lula falou durante quase meia hora, um período no qual Dilma permaneceu parada ao seu lado, calada. Depois, Lula se retirou para que a presidente eleita se manifestasse, mas não resistiu – chegou a voltar aos microfones para fazer um comentário logo depois que Dilma começou.

O primeiro pronunciamento de Lula depois da eleição de sua sucessora também foi marcado por um pedido inusitado: depois de travar um duríssimo combate com seus opositores durante a campanha, provocando abertamente o candidato José Serra e seus aliados, ele pediu trégua aos adversários no que se refere ao próximo governo. Lula disse que está disposto a receber qualquer tipo de crítica dos rivais, mas sugeriu aos adversários que não “joguem contra” Dilma.

“Queria pedir à oposição, que a partir do dia 1º de janeiro, olhasse mais um pouco para o Brasil e que ajudasse a dar certo o Brasil”, discursou. “Eu sei que, quando a gente é derrotado, fica chateado e com um espírito de vingança. Não vou falar em unidade nacional, pois essa palavra está queimada e mal usada. Mas peço para que a oposição não faça contra Dilma o que fez comigo, que é a política da vingança”, completou.

Apesar de pedir à oposição que não ataque a presidente eleita, Lula não conseguiu se conter: fez pelo menos duas provocações a Serra. Primeiro, alfinetou o tucano ao dizer que perdeu “ainda mais eleições para a Presidência que o Serra”, três dele contra duas do adversário. Depois, ao ser questionado sobre os planos reajustar o salário mínimo, disse que a pergunta se referia a uma “promessa de Serra”. “Era o que eles podiam ter feito quando governaram o país”, emendou.


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