Mato Grosso registra primeiro caso da superbactéria KPC
Paciente de 21 anos morreu na quinta-feira; causa do óbito é apurada. UTIs de dois hospitais no estado foram fechadas para desinfecção.
Do G1
A Secretaria de Saúde de Mato Grosso divulgou, nesta sexta-feira (14), o registro do primeiro caso confirmado de contaminação pela superbactéria KPC no estado. Um exame confirmou a presença da bactéria em uma paciente de 21 anos que estava internada no Hospital Universitário Júlio Müller, em Cuiabá.
“A paciente morreu ontem [quinta-feira, 13], mas ainda não sabemos se o óbito foi causado pela bactéria. A jovem estava internada no Hospital Júlio Muller e vinha de uma transferência do Hospital Regional de Sorriso”, diz ao G1 Oberdam Ferreira Coutinho Lira, superintendente de Vigilância em Saúde de Mato Grosso.
Com a confirmação do caso, Lira afirma que as UTIs para adultos dos dois hospitais foram fechadas. “Agora será feita a desinfecção das unidades e exames de vigilância. Depois que saírem os resultados dos exames, será definida a data de liberação dessas UTIs prevista, a princípio, para a próxima semana”, afirma o superintendente.
Segundo a Secretaria de Saúde de Mato Grosso, não há outros pacientes com suspeita de contaminação pela superbactéria no estado.
Como surge uma superbactéria
“Superbactéria” é, na verdade, um termo que vale não só para um organismo, mas para todas as bactérias que desenvolvem resistência a grande parte dos antibióticos. Por causa de mutações genéticas ao longo do tempo, as bactérias passam a produzir enzimas que tornam grupos de micro-organismos comuns, como a Klebsiella e a Escherichia, “blindadas” para muitos medicamentos.
Outro mecanismo para desenvolvimento de superbactérias é a transmissão por plasmídeos. Plasmídeos são fragmentos do DNA que podem ser passados de bactéria a bactéria, mesmo entre espécies diferentes. Uma Klebsiella pode passar a uma Pseudomonas, e esta pode passar a uma terceira. Se o gene estiver incorporado no plasmídeo, ele pode passar de uma bactéria a outra sem a necessidade de reprodução.
No Brasil circulam algumas bactérias multirresistentes, como a SPM-1 (São Paulo metalo-beta-lactamase), além da KPC.