Médicos protestam e fazem paralisação em Dourados

Médicos e acadêmicos de Medicina de Dourados protestaram em praça pública na tarde desta quarta-feira contra o colapso na Saúde e descaso do poder público. “Batendo tambor”, a categoria afirmou que o Governo tenta maquiar os problemas transferindo para os médicos a culpa da crise. Prova disso, segundo a categoria é a decisão do Governo Federal de contratar 6 mil médicos cubanos sem que eles passem por exame do Revalida. Esta decisão foi anunciada na última semana pela presidente Dilma Rousseff. Os médicos também preparam paralisação nacional para o dia 03 de julho.

De acordo com o delegado do Sindicato dos Médicos de Dourados, Jorge Luiz Baldasso, o protesto é uma demonstração de insatisfação da categoria frente a falta de uma política pública eficiente que resolva de fato a crise na Saúde. “Queremos levar para o debate, que o fato da presidente Dilma contratar médicos cubanos para atuar em regiões remotas não vai resolver o problema da Saúde, que é subfinanciada”, destaca.

De acordo com o professor de medicina, diretor da da Faculdade de Ciências Sociais da UFGD, Júlio Croda, faltam investimentos, gestão e um plano de carreira que atraiam médicos. “Hoje o médico do interior sofre até mesmo com os calotes das prefeituras que oferecem um valor mas acabam pagando outro. Além disso a falta de estrutura afasta qualquer pretenção do médico atuar.

Porque ao invés de trazer médicos de fora, sem o Revalida, não se investe nos mais de 12 mil que se formam por ano nas universidades? Porque não se cria uma política de incentivo para estes profissionais?”, indaga. Para o médico Temir Miranda Júnior, membro da Associação Médica da Grande Dourados, o primeiro passo do Governo para se melhorar a qualidade no atendimento da saúde é investir. “O que adianta colocar médicos para trabalhar se os hospitais estão sucateados? O médico pede um exame que demora meses, atua num equipamento defasado, por vezes não tem onde internar o paciente. Ai pergunto o problema está no número de médicos ou na falta de estrutura das unidades de Saúde?”, indaga.

Para Baldasso, “está dificil de trabalhar em Dourados”. Para ele, os equipamentos estão defasados, os hospitais não atendem a demanda e não existe um Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR). “Hoje o salário de R$ 1,8 mil é indigno para um profissional com tantas responsabilidades nas mãos. Está compensando atuar no particular”. Os estudantes defenderam melhores condições e valorização profissional.


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