“Não roubei nada”, afirma o ex-prefeito de Dourados

Não roubei nada, nunca mandei aquele rapaz [Eleandro Passaia] pedir dinheiro e dar dinheiro pra ninguém”.

Ari cedeu entrevista ao jornal Diário MS em seu sítio, entre Caarapó e Dourados Ari cedeu entrevista ao jornal Diário MS em seu sítio, entre Caarapó e Dourados
Diário MS

Não roubei nada, nunca mandei aquele rapaz [Eleandro Passaia] pedir dinheiro e dar dinheiro pra ninguém”. Esta frase foi repetida várias vezes pelo ex-prefeito Ari Artuzi (sem partido), durante entrevista exclusiva ao Diário MS e Canal boavida, ontem de manhã.

Artuzi se diz inocente, nega que desviou dinheiro do município de Dourados e coloca toda a culpa em Eleandro Passaia, seu então secretário de Governo, que fez gravações para a Polícia Federal na investigação que culminou na Operação Uragano, deflagrada em 1º de setembro deste ano. Artuzi afirma que a tal “armação” foi feita para prejudicá-lo politicamente, para prejudicar Dourados e que há “pessoas” por trás da trama.

Ele não quis mencionar quem seriam essas tais pessoas. Para o ex-prefeito, a chave para compreender o tal mistério é o delegado Bráulio Cesar Gallone, chefe da Polícia Federal em Dourados e que comandou a operação. “Se o Gallone falar a verdade ele vai dizer onde pegou o Passaia e com que dinheiro”, afirmou.

Artuzi está falando de uma suposta prisão do então secretário pela Polícia Federal que teria ocorrido no dia 1º de maio deste ano, “com muito dinheiro”. Segundo Artuzi, para não ser preso em flagrante, Passaia teria feito um acordo de delação premiada com a Polícia Federal e, a partir daí, começou a fazer gravações. “Sei que deram um cata nesse rapazinho e, para não ser preso, ele fez um acordo e foi gravando fitas e vendendo fitas”, disse. Essas gravações, segundo o ex-prefeito, foram “forçadas” para incriminá-lo e acabar com sua administração.

“Foi perseguição à nossa cidade, que ‘tava’ bombando”, disse.

Segundo a versão de Artuzi, “Passaia pegou R$ 200 mil de notas carimbadas (marcadas) e saiu oferecendo para todo mundo, tentando incriminá-los”. A versão contraria a da Polícia Federal, que levantou nas investigações que o dinheiro era de “retorno” (propina oferecida por empreiteiros e empresários) ao prefeito, secretários e vereadores para vencer licitações de obras.

O ex-prefeito afirma também que nos vídeos não há nada que o incrimina. Ele diz que os R$ 10 mil que recebe em uma gravação feita por Passaia é dinheiro de venda de um terreno, assim como os outros R$ 10 mil que Maria Freitas Artuzi, mulher dele, aparece pegando em outra filmagem. “Vendi o terreno por 20 mil, recebi 10 mil e a Maria os outros 10 mil; isso é perseguição, o Passaia sabia disso”, ressalta.

Com relação a esta gravação, a PF apurou que se tratava de propina que estaria sendo paga pelo empreiteiro Zeca do MS, que prestava serviços com máquinas pesadas, sobretudo em obras de estradas. É o próprio Zeca, que também foi preso, que aparece entregando o dinheiro. Mas Artuzi nega tudo. Sobre esta questão do retorno, ele se esquivou: “O Passaia que sabe”, respondeu.

Sobre o “mensalinho” pago aos vereadores, Artuzi respondeu: “Acho que não pagava; as imagens são armação da PF e de mais alguém que não vou falar”. Perguntado sobre o motivo de tal armação, ele deu uma resposta vaga: “Eu fiquei três meses preso. No Brasil foram vários casos, alguém teve que renunciar, por que só eu? Aí tudo parou na Câmara; suplente cassar titular é certo?”

O ex-prefeito também falou sobre a sua renúncia ao mandato. Segundo ele, além de ser a maneira mais fácil de sair da cadeia, a decisão foi tomada ao saber das manobras que estariam sendo feitas para que não ocorresse eleição direta em Dourados. “Quando soube o que a Câmara (de Vereadores) estava fazendo junto com aquela mulher (Délia Razuk, prefeita interina) pra não ter eleição eu renunciei”, afirmou. E emendou: “Sei que os vereadores não saem de uma casa lá perto da rua Ponta Porã”. Possivelmente Artuzi está falando da casa de Délia. “Era um acordo pra me cassar; quando soube disso renunciei para acabar com as ‘bugigangas’ que estão fazendo”, acrescentou.

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