O Papa e mídia na JMJ
O Papa Francisco foi um sucesso midiático na sua passagem pelo Rio de Janeiro, durante a Jornada Mundial da Juventude.
RCR
07 de Agosto de 2013
O Papa Francisco imprimiu às imagens e sons o sentido da novidade e de certo espanto que mexeu, profundamente, com as estruturas de comunicação. É claro que atrás dessa admiração se esconde um preconceito com relação à Igreja Católica, geralmente considerada como atrasada e não atenta ao contexto da modernidade. A própria mídia se rendeu à irradiação de uma atmosfera positiva da Jornada pela figura autêntica e verdadeira do Papa Francisco. Ele nem precisava falar.
Seu corpo já dizia tudo, por qualquer ângulo que fosse mostrado. Mas ele também falou e se exprimiu em discursos que o mundo precisava ouvir. E foi além. Definiu alguns princípios para Igreja retomar a sua missão de ser uma instituição transformadora das realidades perversas que se abatem sobre a vida social em todos os continentes.
Não há como continuarmos numa cultura da violência, da destruição do meio ambiente, da manutenção dos privilégios de uns sobre os outros, de todos os males que nos implicam, como responsáveis, se não mudarmos nossas atitudes. E apontou o remédio: o dialogo, em vez da luta e das guerras, o sair de si, o encontro com o outro, sem imposição, mas pela acolhida e o exemplo vivido.
Portanto, a cobertura que foi realizada pelas redes comunicação, em qualquer de suas plataformas, teve como vértice o Papa Francisco. Ninguém poderia imaginar que essa sua primeira saída do Vaticano gerasse o impacto e o consenso que acabou levando de roldão todos os planejamentos e racionalizações da Jornada Mundial da Juventude. Tudo caiu por terra e até mesmo a chuva foi abençoada e se apresentou com uma estética inovadora.
Das capas do Papa, vendidas pelos camelôs da cidade, aos dormitórios precários e as insuficiências estruturais para o acolhimento de mais de 3 milhões de peregrinos, tudo tornou-se virtude e beleza. Parece que o exemplo e as palavras do Sumo Pontífice contaminaram essa semana cinzenta e chuvosa com os raios de uma esperança irradiante. Tudo registrado pelas câmeras e gravadores e estampado em todos os meios de comunicação.
Os atores principais, os jovens, tornaram-se coadjuvantes nas transmissões midiáticas. A verdadeira jornada da juventude ficou escondida. Nem mesmo as redes católicas deram muita importância às chamadas catequeses e aprofundamento da fé. Talvez porque não estivessem no mesmo no clima geral que o Papa acabou imprimindo a essa Jornada que se mostrou civilizada, contrita, piedosa e esperançosa de um futuro melhor para toda a humanidade.
RCR/Miguel Pereira – Professor da PUC e crítico de cinema
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