Primeira Vila Olímpica Indígena do Brasil é de Dourados
Da Redação
“Ele é nosso irmão; o dono primeiro; do mundo que é nosso - o chão brasileiro”!
(Poesia Índio Brasileiro de Antônio Cândido Barone)
A primeira Vila Olímpica Indígena do Brasil é de Dourados e foi inaugurada na manhã desta segunda-feira, 9, na Aldeia Jaguapíru, no município. O projeto, iniciado em 2008, soma investimentos em infraestrutura de R$ 1,4 milhão, por meio do Ministério do Esporte. O local servirá de palco para competições esportivas e tradicionais e várias atividades de integração, uma vez que o Mato Grosso do Sul conta com a segunda maior população indígena do Brasil.
As duas aldeias Jaguapiru e Boróro, serão beneficiadas com a obra que possui quadra poliesportiva, campo de futebol, pista de atletismo, quadra de vôlei de areia, parque infantil, vestiários, banheiros adaptados e ainda um prédio para administração.
“Tenho certeza que esse lugar servirá para nós, jovens indígenas, nos divertir mais e não pensarmos em brigas; acredito que a violência vai diminuir”, diz o estudante indígena, Anderson Arce, 16 anos. Com informações do portal do Governo Federal, são 68.963 pessoas, distribuídas em sete etnias: Guarani-Kaiowá, Terena, Kadwéu, Atikum, Ofaié, Kinikinaw e Guató. A população do estado está dividada em 75 aldeias, localizadas em 29 municípios. Com 84% da população na Reserva de Dourados – 43.746 indígenas – o povo Guarani-Kaiowá habita 45 aldeias, envolvendo 26 municípios.
Benetido Faustino, morador da Aldeia Jaguapirú, diz que isso era um sonho de toda comunidade. “Era um grande desejo nosso, ter um espaço como esse. Mas acho que essa vila vai ajudar mesmo as crianças e os jovens”.
Críticas
Durante o evento de inauguração o líder indígena Leomar Mariano pediu ao Governador que olhasse com carinho para a reserva no quesito, segurança. Segundo o líder, “a violência é resultado do uso abusivo de drogas e álcool, e pela ausência da segurança a situação está cada vez mais difícil”.
Em resposta, André Puccinelli fez duras críticas à Fundação Nacional do Índio (Funai). “Temos recursos para a melhoria da segurança nas aldeias, mas a Funai não nos autoriza e não nos respeita”. O Governador disse ainda que a Funai deveria defender os índios e não tutelá-los. “Deveriam ter vergonha na cara”, declarou.
Diante dessas declarações, a Rádio Coração entrou em contato com a coordenadora da Funai em Dourados, Maria Aparecida Mendes de Oliveira, para dar-lhe o direito de resposta. Ela contestou as afirmações de Puccinelli em relação à segurança pública; negou que a Funai não autoriza a entrada do governo do Estado na aldeia e diz que as declarações são mentirosas e não passavam de justificativas para retirar a responsabilidade do estado na Reserva. “Percebe-se que as declarações do Governador servem para desqualificar os nossos serviços e ainda mais, romper com o diálogo. A Funai nunca proibiu nenhum governo de adentrar na comunidade com o intuito de beneficiá-los; porém, precisamos sermos ouvidos antes”, declara.
Maria Aparecida cita ainda, que da forma com que o Governador se expressa em locais públicos fica cada vez mais difícil existir uma política indigenista, que fala a mesma língua.
Autoridades políticas
Muitos políticos marcaram presença no evento. O Governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, representou a ausência do ministro dos Esportes Orlando Silva; deputados estaduais, vereadores, prefeitos, além da presença do deputado Federal Geraldo Rezende, autor das emendas que garantiram recursos para a construção da Vila Olímpica.