Projeto pioneiro prevê qualifição de presos
ONG pioneira criada em Dourados prevê montar lanchonete-pastelaria escola para profissionalizar detentos
Do Dourados Agora
Uma Organização Não Governamental (ONG) fundada em Dourados criou um projeto pioneiro. O de ressocializar os detentos do sistema semiaberto e aberto. O foco principal da “ONG Um Novo Começo” é montar uma lanchonete e pastelaria-escola e qualificar os internos e internas dos sistemas semiaberto e aberto e/ou familiares(cônjuges e filhos) dos internos do sistema fechado, para que eles sejam capacitados na produção e venda de produtos alimentícios para que depois eles possam ser inserídos no mercado de trabalho.
Pelo projeto, conforme explicou o presidente da ONG, o podólogo Ronald Mello, a intenção também é que esses detentos tenham cursos de autogestão e cidadania, conforme prevê os princípios da Rede de Economia Solidária, que vem dando apoio ao projeto.
Os detentos terão a disposição os cursos de salgadeiro, pasteleiro, confeiteiro, balconista e higienização e limpeza. O projeto prevê ainda que os internos possam receber uma bolsa auxílio com um valor ainda a ser definido.
Serão contratadas mão-de-obra qualificada para ministrar os cursos e/ou fazer parcerias com o Sebrae, Senai, Senac, Sesc e Sesi.
Para que o projeto torne-se realidade, a ONG está fazendo uma campanha junto à sociedade para equipar uma cozinha com diversos utensílios e equipamentos, entre as quais, máquina formadora de salgados, empanadeira, forno industrial, mesas de inox, freezeres, balcão frio, masseira, cilindro elétrico, microondas, fogão industrial, estufas, liquidificador industrial, espremedor de frutas, balança, cortador de frios, expositor de bebidas, fritadeira, moedor de carne, refresqueira, purificador de água, mesas e cadeiras, entre outros equipamentos necessários para a produção industrial de alimentos. APOIOS
A Ong “Um Novo Começo” vem sendo bem aceita pela sociedade devido à seriedade e comprometimento de seus integrantes. Prova disso é que já recebeu apoio de alguns segmentos como Ministério Público Estadual (MPE), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Associação Comercial e Empresarial de Dourados (Aced), Sindicato dos Jornalistas da Grande Dourados (Sinjorgran), Clube de Imprensa de Dourados (CID), Conselho da comunidade e da Associação Estadual de Empreendedores de Economia Solidária de MS (geração de trabalho e renda)
Para o podólogo Ronald Mello, a falta de instrumentos que possibilitem a ressocialização dos presidiários não vem de hoje. Mas atualmente, com a expansão da crise no sistema prisional brasileiro, esse fato tornou-se muito mais evidente. “A sociedade percebeu que apenas manter os infratores presos não é suficiente para modificar o comportamento deles, é preciso reintegra-los à sociedade”, destaca, lembrando que também “que não vai ser fácil, pois teremos que desconstruir tudo o que fez com que esses internos fossem para o mundo do crime, e construir um novo cidadão acreditando na sua capacidade de começar de novo, e mostrar aos outros internos e a sociedade que uma nova vida é possível”.
Para Ronald Mello, esse projeto será de grande importância para os internos, para as pessoas que vão estar envolvidas neste projeto, e para toda a sociedade, pois “é de grande satisfação participar do resgate de um novo cidadão”.
OPORTUNIDADE
Para o promotor de Justiça, titular da 8ª Promotoria de Execuções Penais, Juliano Albuquerque, a iniciativa é louvável, pois é uma oportunidade de tirar os detentos do mundo do crime e em contrapartida, ainda ajudar os seus familiares. Em muitos casos, os detentos se deparam com uma realidade sem perspectivas e é o que faz voltar a praticar os mesmos crimes.
No entanto, quando tem uma chance de crescer, ter uma oportunidade, uma profissão, a realidade muda. “Acredito que é uma iniciativa louvável e que a sociedade deve apoiar, tendo em vista que é uma chance de reduzir a criminalidade. O caminho é esse, profissinalizar e dar uma chance de trabalho a essas pessoas”, disse o promotor.
A mesma opinião é do presidente da Associação Comercial e Empresarial de Dourados (Aced), Eduardo Custódio. “Ocupar a mão-de-obra dos albergados é uma ideia muito bem vinda. Principalmente quando a iniciativa vem de pessoas sérias e realmente comprometidas com a sociedade”, destacou.
Os empresários e pessoas da sociedade que desejarem ajudar a ONG a montar o projeto, podem entrar em contato com a ONG através dos telefones (67) 3421-1141 (sede da ONG) ou (67) 8141-0001 (Ronald Mello).
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