25/03/2022 08h00

Consagração do mundo, da Rússia e da Ucrânia

A intenção do Papa Francisco é rezar pela paz, pelo fim de uma guerra que destrói inocentes e que serve para amedrontar o mundo

Por: Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo de Natal (RN)

Neste dia 25 de março, Solenidade da Anunciação do Senhor, dia em que celebramos o mistério da Encarnação do Filho de Deus no seio virginal de Maria, acontecimento que dá início ao caminho de Jesus Cristo, redentor da humanidade, doador do Espírito Santo e, por isso mesmo, iniciador e fundador da Igreja, somos convidados a participar, unidos ao Santo Padre, o Papa Francisco, do Ato de Consagração da humanidade, particularmente da Rússia e da Ucrânia, ao Imaculado Coração de Maria. A intenção do Papa Francisco é rezar pela paz, pelo fim de uma guerra que destrói inocentes e que serve para amedrontar o mundo: "Quer ser um gesto da Igreja universal, que neste momento dramático leva a Deus, através da Mãe d’Ele e nossa, o grito de dor de quantos sofrem e imploram o fim da violência, e confia o futuro da humanidade à Rainha da Paz" (FRANCISCO. Carta aos Bispos pelo Ato de Consagração ao Imaculado Coração de Maria).

        Este Ato de Consagração é um "sacramental" que tem a finalidade de lembrar a todos nós que, como batizados e batizadas, pertencemos ao Senhor, Ele que é o Criador, no seu Nome fomos assinalados com o selo do Espírito Santo, e configurados como membros do seu Povo, um povo sacerdotal e por isso, buscador, artesão e instrumento da paz. Eis a intenção central do Ato de Consagração: "Por isso nós, ó Mãe de Deus e nossa, solenemente confiamos e consagramos ao vosso Imaculado Coração nós mesmos, a Igreja e a humanidade inteira, de modo especial a Rússia e a Ucrânia. Acolhei este nosso ato que realizamos com confiança e amor, fazei que cesse a guerra, providenciai ao mundo a paz" (FRANCISCO. Ato de Consagração ao Imaculado Coração de Maria). Recomendo a todos que não usem ou traiam o sentido do Ato de Consagração por desvios de ideologias políticas. Pelo contrário, estejamos cientes de que tal Ato é um gesto da Igreja Católica e motivado pela busca da paz. Infelizmente, os que defendem a guerra se dizem cristãos e isso é um contrassenso. Quase num lamento profundo de derrota, o Papa reconhece: "perdemos o caminho da paz". Eis que com o Ato de Consagração a Igreja deseja apontar para todos nós, não somente para a Rússia e o que acontece na Ucrânia, o caminho do perdão, da reconciliação. Esquecimento das tragédias, descuido, ganância, fechamento, indiferença, egoísmo, ignorar Deus, falsidades, agressividade, supressão da vida, acúmulo de armas, falta de fraternidade. Tudo isso leva à guerra. Mas, a misericórdia do Senhor nunca nos abandona. Por isso, o grito do Papa Francisco deve ser o nosso grito: "E, com vergonha, dizemos: perdoai-nos, Senhor!" (FRANCISCO. Ato de Consagração ao Imaculado Coração de Maria). E, confiando na misericórdia divina, pedindo o auxílio da Mãe do Senhor, recordando o que Ela fez em Caná da Galileia, quando viu a aflição dos noivos, recorre a Jesus, para acudir, para socorrer, tornando-se assim, não somente a Mãe suplicante, mas o modelo para todos os cristãos e cristãs, sinal de que somente acudindo, socorrendo e suplicando em favor dos homens e mulheres é que podemos, verdadeiramente, manifestar que somos de Jesus, o Papa suplica, pela sua intercessão, que cessa a guerra, e que ela não seja instrumentalizada por nenhuma ideologia que a justifique: "Por isso acolhei, ó Mãe, esta nossa súplica: Vós, estrela do mar, não nos deixeis naufragar na tempestade da guerra; Vós, arca da nova aliança, inspirai projetos e caminhos de reconciliação; Vós, «terra do Céu», trazei de volta ao mundo a concórdia de Deus; Apagai o ódio, acalmai a vingança, ensinai-nos o perdão; Libertai-nos da guerra, preservai o mundo da ameaça nuclear; Rainha do Rosário, despertai em nós a necessidade de rezar e amar; Rainha da família humana, mostrai aos povos o caminho da fraternidade; Rainha da paz, alcançai a paz para o mundo". Rezemos pedindo a paz.