19/06/2018 08h35
Eleições no Brasil: Para Dom Murilo Krieger, população está mais consciente sobre corrupção
Para Dom Murilo, "se a partir dos debates crescer a consciência de que é preciso um verdadeiro mutirão, envolvendo não só políticos, mas toda a sociedade civil, para dar um novo impulso ao nosso país, ótimo!".
Acidigital
Em ano eleitoral no Brasil, quando os cidadãos irão às urnas para escolha de presidente, governadores, senadores, deputados estaduais e federais, o vice-presidente da CNBB, Dom Murilo Krieger, chamou a atenção para o fato de que a população está mais consciente de que não se pode tolerar a corrupção, que "é um câncer".
"A época pré-eleitoral é excelente para conhecermos a realidade do país, pois todos os que desejam se candidatar mostram problemas e necessidades aos quais prometem dar uma resposta adequada", assinalou o também Arcebispo de Salvador (BA) em entrevista ao site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Para Dom Murilo, "se a partir dos debates crescer a consciência de que é preciso um verdadeiro mutirão, envolvendo não só políticos, mas toda a sociedade civil, para dar um novo impulso ao nosso país, ótimo!".
Nesse sentido, fez referência a dois problemas concretos na sociedade brasileira, o desemprego e a corrupção.
Quanto ao primeiro, sublinhou que "não podemos continuar com os índices atuais de desemprego; é ruim para todos, mas muito mais para os pobres"
Já em relação à corrupção, observou que "cresce a consciência" de que esta prática "não pode mais ser tolerada", pois "é um câncer que destrói o país a partir de dentro".
"Interessante que quando o povo se manifesta sobre o país que deseja, não diz que quer um país em que todos sejam ricos e famosos, mas que quer um país em que todos tenham os mesmos direitos, e que os direitos de todos sejam respeitados, em que se respeita os bens públicos etc.", indicou.
Neste período em que os partidos estão discutindo sobre suas possíveis candidaturas, o Arcebispo lamentou que a escolha desses nomes muitas vezes fica restrita à cúpula partidária.
"Quem viveu os tempos da ditadura militar se lembra de que algumas candidaturas – refiro-me às do partido que expressava o pensamento de quem comandava o país – nasciam em gabinetes e eram impostas", recordou.
Quanto aos tempos atuais, porém, salientou que "são marcados por algumas particularidades: uma multiplicação de partidos sem expressão alguma, que tentam negociar seu limitado tempo na televisão – tempo que, repito, é limitado, mas que somado ao ‘limitado tempo’ de mais alguns partidos inexpressivos, torna-se importante".
"Infelizmente – expressou Dom Murilo –, o povo, em geral, é um mero assistente desse processo, com quase nenhuma participação na escolha dos candidatos. Mesmo quem está filiado a algum partido, acaba apenas sacramentando os nomes que a cúpula escolheu".
Assim, "de certa forma, continua, ao menos em parte, a escolha feita em gabinete pelos que dirigem os partidos".
Além disso, o vice-presidente da CNBB alertou sobre a tendência de se prestar mais atenção às candidaturas aos cargos do Executivo – presidente e governadores – a deixar de lado a análise dos candidatos ao Legislativo.
"O problema é que, nessa situação, ‘velhos’ políticos – muitas vezes ‘velhos’ também nos defeitos – conseguem se candidatar, têm grandes possibilidades de se reeleger como deputados e senadores, com o risco de tudo continuar como antes", advertiu.
Por isso, aconselhou que seria "importante que as comunidades convoquem candidatos para debates, apresentem valores que querem ver defendidos no Parlamento e votem com um cuidado especial naquele que será seu deputado estadual, deputado federal ou senador".
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