31/08/2020 10h33
Mulheres Sabotadas: Um outro olhar da violência contra a Mulher
Por: Sandra Mara Oliveira Caimar - Psicóloga
A violência é um fenômeno que se manifesta desde os primórdios da humanidade, que perpassa todo o ordenamento social, institucional, econômico, cultural e educacional. Mas que podem ser compreendidos no âmbito das relações interpessoais, familiar e doméstica. De forma física, sexual, psicológica, moral, entre outras. A violência contra mulher hoje é uma das principais formas de violação dos seus direitos humanos, atingindo-as em seus direitos à vida, à saúde e à integridade, afetando o desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e físico.
Refletir sobre a violência contra a mulher, nos conduz a significado além do âmbito doméstico (dentro dos seus lares), mas que nos direcionam no âmbito intrafamiliar, aos quais remetem no interior da família ou no grupo familiar. Sendo esta praticada por pessoas próximas a sua convivência, dentro ou fora de casa por algum membro da família, incluindo pessoas que passam a assumir função parental, ainda que sem laços consanguinidade, mas com vínculos afetivos e em relação de poder à outra. O conceito de violência intrafamiliar não se refere apenas ao espaço físico onde a violência ocorre, mas também as relações em que se constrói e consolida em diversas maneiras, desde agressões físicas, psicológicas e verbais. Desta forma, a mulher passa a ser violentada toda vez que algo lhe é imposto no âmbito intrafamiliar, sendo violada em sua individualidade e sua dignidade, sabotando o seu lugar perante a família. O sabotamento passa a ser uma ação que vai enfraquecendo o emocional da mulher, perdendo o poder de decisão sobre seu corpo.
Neste construto a mulher passa a ser violentada toda vez que sabotam seus valores perante sua família, provocando uma ruptura sócio emocional afetiva nos laços familiares. Tais rupturas tendem a fecundar sentimentos de desvalor e desamor em que corroboram a vivências de tristezas, medos, frustrações, incapacidade, falta de respeito, humilhação, desvalorização e inferioridade. A mulher é violentada toda vez que ela é sabotada na tomada de decisão de sua vida, em que o Outro passa a ter o seu controle, tornando-se cuidador sócio emocional afetivo desta mulher. Diante deste olhar, a mulher é violentada quando perde o sentimento de pertencer e passa a se sabotar, denominado auto sabotagem. Assim, sabotando seus valores e sentimentos, sabotando o seu direito de amar e ser amada, sabotando seu lugar perante a sociedade e no convívio intrafamiliar. Neste sentido, passa a cultivar o isolamento e o distanciamento, mesmo estando rodeada de muitas pessoas, a mulher sente-se só. Portanto, a violência contra a mulher também é um sabotamento.
Acredita-se que nenhum pesquisador saberia dizer, com precisão, quantas Mulheres tiveram que passar pela dor da violência, seja ela física, psíquica, emocional ou social. Quantas delas precisaram se esconder para não passar por constrangimentos, nem serem julgadas ou mal interpretadas, sendo assim silenciadas. Quantas vítimas, antes da discussão social surgir, sentiram seus corpos agredidos e seus corações dilacerados, restando hoje as marcas da agressão resultante do sabadotamento de sua identidade. O que dizer a essas mulheres onde, a violências registra-se 1 caso de agressão a cada 4 minutos?
Autora do texto:
Sandra Mara Oliveira Caimar
Psicóloga – CRP 14/04911-0
Pós Graduada em;
- Psicologia jurídica
- Psicologia da Família
- Psicoterapia de Casal e Família
Atuação Profissional
Psicóloga efetiva no CRAS de Caarapó MS
Psicóloga Clínica em Dourados MS
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