25 de março 2001, palavras de Dom Redovino no dia da sua ordenação
Ao terminar essa celebração, sinto-me na obrigação de agradecer. Em primeiro lugar, a Deus, que vocês me ajudaram a perceber presente nesta belíssima celebração; a Deus que sempre me demonstrou um amor todo particular, tanto que, muitas vezes, me senti – como diz o Evangelho falando de João – o «discípulo que Jesus amava»; a Deus, que me escolheu e continua me envolvendo com um amor preferencial e gratuito, atraído pelo que é fraco e pequeno, para preenchê-lo com seu poder e sua riqueza. Como diz o Salmo: «Um abismo atrai outro abismo»: o abismo do amor infinito de Deus é atraído pelo abismo de nossa fraqueza e de nossa pequenez. Vejo-me retratado nos dois filhos de que fala o Evangelho de hoje: quando me sinto esmagado por minhas infidelidades, Deus me acolhe, me abraça e me perdoa; e quando me encontro chateado, distante de Deus e dos irmãos, percebo que Deus me dirige as mesmas palavras que o pai misericordioso dirigiu ao filho mais velho: «Tu estás sempre comigo. Tudo o que é meu, é teu». É nesse amor que acredito, sabendo que Deus é maior do que a minha fraqueza e as minhas dificuldades. Neste agradecimento a Deus, incluo também o agradecimento à família de Deus, ou seja, à Igreja e, com a igreja, ao Papa João Paulo II, que se dignou escolher-me para uma unidade e uma co-responsabilidade mais profundas com ele.
Uma saudação especial quero dedicar ao povo de Dourados, com quem terei a alegria de transcorrer o último período de minha vida aqui na terra. Vou para Dourados com um único ideal, o mesmo que me foi proposto pelo Papa João Paulo II ao me receber no Vaticano, no dia 14 de fevereiro, juntamente com um numeroso grupo de bispos: «Na passagem histórica que estamos vivendo, descortina-se diante de nós uma missão empenhantiva: fazer da igreja o lugar onde se vive e a escola onde se ensina o ministério do amor divino». Muito obrigado a Dom Alberto, ao sacerdotes, aos diáconos, seminaristas, religiosas e leigos que se fizeram presentes. Quero acrescentar que, ao receber do Papa o convite para prestar o meu serviço pastoral em Dourados, juntamente com o sentimento de temor, senti também a confiança e a predileção de Deus, não apenas porque é a diocese que Ele me confiou desde quando pensou em mim, mas também porque se trata de uma diocese de fronteira, uma diocese de migrantes, onde o povo tem como característica a acolhida e a unidade na riqueza da diversidade.
A última palavra quero reservá-la ao lema que vai nortear o meu novo serviço pastoral. Como vocês percebem, as palavras que inseri em meu escudo e brasão episcopal se referem a Nossa Senhora: “Unânimes com Maria”. O meu mais ardente desejo é reviver a comunhão que se respirava na Igreja primitiva, quando, atraído pela oração e pela concórdia dos fiéis reunidos em torno de Maria, o fogo do Espírito desceu e começou a se alastrar pelo mundo inteiro, graças a pessoas dispostas a «morrer para congregar na unidade os filhos de Deus dispersos». Se há pouco eu disse que me sinto “o discípulo que Jesus amava”, com emoção e gratidão preciso reconhecer também que me sinto “o filho predileto de Maria”. Foi ela que, logo nos primeiros anos de sacerdócio, me fez encontrar a espiritualidade da unidade, espiritualidade que imprimiu um novo impulso, um novo sentido e um salto de qualidade em minha vida – espiritualidade que o Papa João Paulo II, na Carta Apostólica “No Início do novo Milênio”, estende para toda Igreja, ao escrever: «Antes de programar iniciativas concretas, é preciso promover uma espiritualidade da comunhão, elevando-a ao nível de princípio educativo em todos os lugares onde se plasmam o homem e o cristão». Foi essa espiritualidade que, através da Obra de Maria, me deu a graça de me sentir sempre feliz e realizado como sacerdote, como religioso, como scalabriniano , e agora – tenho certeza disso – como bispo. “Unânimes com Maria”, para continuar gerando a presença de Jesus em nosso meio, pois onde Ele está presente, todas as realidades (pessoais, familiares, sociais e econômicas) se renovam, porque todos nos tornamos criaturas novas.
Por tudo isso, novamente, a todos e a cada um: muito obrigado!
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