05/09/2019 08h33
Papa pede paz duradoura em Moçambique que favoreça o desenvolvimento
O Santo Padre chegou ao Palácio, um antigo prédio construído em 1899 e residência oficial do presidente desde 1975, às 09h30 (horário local).
Acidigital
A paz e a reconciliação como fator de desenvolvimento dos povos, especialmente de Moçambique, foi o tema principal do discurso do Papa Francisco perante as autoridades, representantes da sociedade civil e corpo diplomático, pronunciado no Palácio Presidencial de Maputo, nesta quinta-feira, 5 de setembro.
O Santo Padre, que está em Moçambique desde ontem para sua quarta viagem à África, que também o levará a Madagascar e Maurício, fez referência ao longo conflito que afetou Moçambique de 1977, logo após sua independência, a 1992, com o confronto entre a organização marxista Frelimo, que controlava o novo Estado moçambicano, contra a guerrilha antimarxista Renamo.
Apesar da paz assinada em Roma em 1992, ao longo das décadas seguintes, o conflito foi revivido periodicamente. A desconfiança e hostilidade entre os grupos Frelimo e Renamo, transformados em partidos políticos, foram reproduzidas nos debates parlamentares, dando origem a situações de grande instabilidade.
A última crise política começou em 2014, depois que os responsáveis pela Renamo se recusaram a reconhecer os resultados das eleições presidenciais que deram a vitória ao candidato da Frelimo e atual presidente, Filipe Jacinto Nyusi.
Essa falta de reconhecimento dos resultados das eleições abriu uma nova etapa de hostilidades e violência política. Os confrontos cessaram com a assinatura de uma trégua em 2016 e, no último dia 6 de agosto, assinaram a paz definitiva, motivados, precisamente, pela visita do Pontífice.
Em seu discurso, o Papa Francisco incentivou a perseverar nesse processo de paz, para torná-lo definitivo, porque, "como sabemos, a paz não é apenas ausência de guerra, mas o empenho incansável – especialmente daqueles que ocupamos um cargo de maior responsabilidade – de reconhecer, garantir e reconstruir concretamente a dignidade, tantas vezes esquecida ou ignorada, de irmãos nossos, para que possam sentir-se os principais protagonistas do destino da própria nação".
O Santo Padre, que quis expressar aos líderes políticos do país o reconhecimento pelo "pelo esforço que, há decênios, se vem fazendo para que a paz volte a ser a norma, e a reconciliação o melhor caminho para enfrentar as dificuldades e desafios que tendes como nação", lembrou que a paz é um motor de desenvolvimento para o país.
"A paz tornou possível o desenvolvimento de Moçambique em várias áreas", destacou. "Promissores são os avanços registados no âmbito da educação e da saúde. Encorajo-vos a prosseguir no trabalho de consolidar as estruturas e instituições necessárias para permitir que ninguém se sinta abandonado, especialmente os vossos jovens, que formam grande parte da população".
O Papa enfatizou: "Não cesseis os esforços enquanto houver crianças e adolescentes sem educação, famílias sem teto, trabalhadores sem trabalho, camponeses sem terra... Tais são as bases dum futuro de esperança, porque futuro de dignidade! Tais são as armas da paz".
- Saudação ao presidente
Este encontro do Papa com as autoridades, representantes da sociedade civil e corpo diplomático ocorreu após a visita de cortesia do Pontífice ao presidente Filipe Jacinto Nyusi, no Palácio da Ponta Vermelha, Palácio Presidencial de Moçambique.
O Santo Padre chegou ao Palácio, um antigo prédio construído em 1899 e residência oficial do presidente desde 1975, às 09h30 (horário local).
O presidente e sua esposa receberam o Pontífice na entrada principal do Palácio e, depois de honras militares, entraram no Palácio. Lá, o Papa assinou o Livro de Honra. Depois de cumprimentar a família do presidente, houve uma troca de presentes antes de entrar no Salão Índias, onde ocorreu a reunião com as autoridades.
- Dados da Igreja
Moçambique tem uma população de cerca de 27 milhões de pessoas, das quais mais de 7 milhões são católicas (28%). Existem 1.678 centros pastorais, dos quais 343 são paróquias. Há 23 bispos, 659 sacerdotes e 1.207 religiosas com votos perpétuos. O número de catequistas é 56.871, mais 97 missionários leigos e quase 1.200 seminaristas.
Em relação ao trabalho social da Igreja, o número de centros sociais e de caridade ou dirigidos por eclesiásticos ou religiosos em Moçambique é de 176.
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