08/08/2016 07h52

Presidente do TJMS promete 'zerar' número de cidades sem juiz

desembargador João Maria Lós desembargador João Maria Lós
Midiamax

Projeto de lei proposto pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul que prevê a criação de uma Vara judicial itinerante vai zerar o número de municípios que ainda não contam com os serviços judiciais, informou nesta sexta-feira (5), o presidente da corte, o desembargador João Maria Lós.

Hoje, 54 das 79 cidades do Estado contam com comarcas, isto é, com a atuação de um juiz. Pela proposta do tribunal, disse Lós, a vara judicial itinerante vai percorrer por 25 municípios, cujos moradores precisam viajar hoje por até 120 quilômetros por um serviço judicial, como é o caso da população de Alcinópolis que precisam ira até Coxim, que tem comarca.

"Só falta a lei ser promulgada [hoje está na Assembleia Legislativa]. Acho que até o início de setembro, mês que vem, o projeto já estará funcionando", disse o magistrado que, para levar adiante à ideia, contou o aval do governador Reinaldo Azambuja (PSDB).

A Vara itinerante será comandada por um juiz daqui de Campo Grande, responsável em planejar o roteiro para seguir até às cidades sem comarcas. O município de Coronel Sapucaia, separado por uma rua do município paraguaio Capitan Bado, será o primeiro a receber o serviço. "É um município emblemático, nem parece que é do Brasil, parece um estado sem lei. Vamos levar o judiciário até lá", afirmou o presidente do TJMS.

Ainda de acordo com João Maria Lós, a vara judicial volante, vai seguir para as cidades sem comarcas numa carreta (parecidas às usadas no projeto do governo, o Caravana da Saúde) e a equipe será integrada por juiz, promotor de Justiça, advogado, defensor público e servidores do judiciário.

A Vara judicial deve permanecer, se necessário, por até 15 dias nos municípios visitados. "Será resolvido todos os serviços a partir de causas envolvendo famílias até júris populares", disse o presidente da corte.

Além da carreta que será usada como repartição judicial, as prefeituras sem comarcas já sinalizaram interesse no projeto. "Alguns [prefeitos] já ofereceram salas para nós enquanto a equipe da Vara judicial estiver por lá".

  • Efetivo Questionado se o TJMS tem efetivo para agir nesse novo projeto, Lós afirmou que "ainda não", mas que a ideia é efetivar logo 25 juízes que ainda disputam vagas por meio de um concurso já iniciado. "Temos hoje 72 candidatos aptos para a prova oral", disse o desembargador que acredita na nomeação dos primeiros aprovados já em janeiro que vem.

  • Carência Antiga No evento que marcou a inauguração do prédio do fórum de Terenos, nesta sexta-feira (10), Lós recordou que ingressou na magistratura em 1981, em Miranda. Foi lá, 35 anos atrás, que ele notou a carência de investimento no judiciário, disse

Ele contou que, à época, ocorreu um assassinato na região conhecida como Morraria, perto de Bodoquena, que não tinha comarca. Dois adolescentes mataram um homem. A partir dali, os acusados eram obrigados a participar de audiências na comarca próxima, em Miranda, distância de 100 quilômetros, de 15 em 15 dias.

"Naquele tempo não tinha asfalto na região e o pai era quem levava os filhos até o fórum. Certa vez, ele pediu uma conversa reservada comigo e falou: doutor, peço ao senhor, ou prendam meus filhos, ou suspenda essas audiências. Cada vez que venho aqui perdemos dois dias de trabalho", disse Lós.

O magistrado atendeu o pedido do pai. Mais adiante, os dois irmãos foram sentenciados e levados para uma casa de guarda pelo assassinato. Detalhe: Bodoquena ainda não tem comarca.


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