Rosário, oração de Deus dirigida à Mãe
Mês de maio, mês de Maria! Grandes são as manifestações de amor e devoção à Santíssima Virgem Maria, Mãe do povo, que está atenta às suas necessidades e vem ao socorro dos seus. Mãe de grande veneração, que atrai multidões aos seus santuários tanto aqui no Brasil como pelo mundo.
A oração da Ave Maria, tão bíblica e eclesial ao mesmo tempo, nos situa sempre nesse mistério. Oração de grande beleza, foi sendo proclamada pelo próprio Deus, através do Arcanjo Gabriel: “Ave, cheia de graça! O Senhor esta contigo!” (Lc 1,28), saudação inicial do Mistério da Encarnação, confirmada por Isabel, “Tu és bendita entre as mulheres e é bendito o fruto do teu ventre!” (Lc 1,42) e gerada no coração dos cristãos ao longo dos séculos: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte!”.
Por esta oração entramos na intimidade com a Trindade Santa; é a saudação que dirigimos a Maria, pois foi a oração proferida pelo próprio Deus. Grandes são os benefícios dos fiéis que recorrem a esta Boa Mãe. Muitos santos pregaram que tendo a Salvação do mundo começado pela Ave-Maria, a salvação de cada alma em particular está ligada a esta oração. (São Luís Maria Grignion de Montfort, T.V.D. n 249).
São Bernardo de Claraval nos ensina que “clama Maria com fervor, e ela não deixará de lado a tua necessidade, pois ela é misericordiosa ou, melhor, a mãe da misericórdia”. Essa misericórdia foi buscada pelos fiéis leigos, pelo século XII, que teceram o Rosário, exercício de oração composto por dezenas da mais bela oração – a Ave-Maria – que, como Orvalho do Céu, embeleza um rosal, um campo de rosas.
O Rosário torna-se uma oração de grande estima por parte dos leigos e recomendada constantemente por Papas, como o Papa Beato João Paulo II: “O Rosário é minha oração predileta. Oração maravilhosa! Maravilhosa na simplicidade e na profundidade”. Oração de grande valor diante da Virgem Maria, que aos pastorinhos de Fátima, em 19 de agosto de 1917, recomenda “Quero que continueis a rezar o Terço todos os dias. Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores!”.
São Luís Maria Grignion de Montfort nos ensina que o Rosário, ou o Santo Terço, eleva-nos ao conhecimento de Jesus Cristo, purifica nossas almas do pecado, torna-nos vitoriosos sobre todos os nossos inimigos e fáceis à prática das virtudes. Este santo ainda nos ensina que para conhecer se uma pessoa é de Deus, é preciso verificar se ela gostar de rezar a Ave-Maria e o Terço, pois quem é de Deus sempre gosta e inspira os outros a rezarem.
Ao contemplarmos os quatro mistérios do Rosário: gozosos, luminosos, dolorosos e gloriosos, contemplamos a vida de Nosso Senhor e a presença discreta, mas atuante, de Maria durante toda a História da Salvação. De fato, sobre o fundo das palavras da Ave-Maria passam diante dos olhos da alma os principais episódios da vida de Jesus Cristo, como nos ensina o Beato João Paulo II. O Rosário é profundamente cristológico, pois nos fala dos mistérios de nossa salvação e é, ao mesmo tempo, contemplativo, junto com Maria. O Papa Francisco esteve já duas vezes em visita a Nossa Senhora na Basílica Romana de Santa Maria Maior, seja no primeiro momento para pedir a Maria pelo seu Pontificado, seja para rezar àquela que “nos ajuda a crescer, a afrontar a vida, a ser livres”. Ele também escolheu iniciar a sua visita ao Brasil com um ato devocional a N. Sra. Aparecida, como ficou claro em sua decisão de vir presidir a Jornada Mundial da Juventude.
Também nós podemos ver nas palavras da Ave-Maria a contemplação da vida de Cristo e a nossa vida assim iluminada: ao longo do Rosário veremos a presença de Maria desde nosso batismo ao sermos consagrados a Ela, passando pelas aventuras da juventude, nas dificuldades da vida adulta, na vida familiar e como companhia na solidão dos idosos. Ainda citando o Beato João Paulo II, a simples oração do Rosário marca o ritmo da vida humana, marca o Amor de Deus presente na vida dos seus filhos.
Cânticos, festas, peregrinações e orações marianas como o Rosário são fontes de graças que o próprio Deus nos concedeu, para estarmos mais intimamente ligados a Ele, através de Maria. Como nos diz São Bernardo: Deus vendo que somos indignos de receber as graças diretamente das suas mãos, dá-as a Maria, a fim de que por Ela recebamos tudo o que Ele nos quis dar, “para que a graça regresse ao seu Autor pelo mesmo canal por onde veio”.
Quando Maria se faz presente acolhendo seus filhos dispersos na fé, acolhendo-os na Igreja de seu Filho, na qual Ela é Mãe. Santo Irineu expressa que “o nó da desobediência de Eva foi desfeito pela obediência de Maria; o que a virgem Eva ligou pela incredulidade, a Virgem Maria desligou pela fé”. Observar Maria e seguir seu exemplo é um caminho seguro de fé e de obediência à vontade de Deus.
Que tenhamos Maria como nossa companheira nesta estrada, santificando-nos pela vida de Cristo, e com o exemplo de Sua Mãe! Como devotos desta Boa Mãe, vamos nos unir a Ela através do Rosário, meditando a Graça de Deus manifestada aos homens pelas mãos de Maria. Contemplemos tão bela face de Maria, Nossa Senhora de Fátima, aquela que vem aos mais simples, mas de coração puro e desapegado. Como os pastorinhos, estejamos atentos ao seu apelo: “Quero que continueis a rezar o Terço todos os dias. Rezai, rezai muito…”.
Autor: Dom Orani João Tempesta
***Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)***
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