07/09/2017 0h

Será que realmente somos um povo independente?

Artigo de João Carlos José Martinelli, advogado, escritor, jornalista e professor universitário. Vice-presidente da Academia Jundiaiense de Letras e da Academia Jundiaiense de Letras Jurídicas

Com muitas solenidades cívicas, celebra-se hoje o Dia da Independência já antecedido por diversos festejos durante a Semana da Pátria. Sem dúvida alguma uma data histórica extremamente importante, cujo próprio significado traduz um processo ou uma condição a ser conquistada a cada dia. E aqui reside uma grande preocupação: efetivamente, uma nação que não investe prioritariamente em educação, trabalho, saúde e cultura, não pode ser considerada independente de fato e, assim, seu povo também não o será. Um indivíduo inculto não tem condições de se revelar num homem psicologicamente livre porque, incapaz de avaliar seus esforços, deixa-se sonegar pelas injustiças dos poderosos.

O Brasil tem sérios e profundos problemas que demandam soluções urgentes, estando na iminência de se instituir um verdadeiro caos social, onde o desrespeito às normas e às instituições se transforme numa abusiva constância. Grande parte dessa situação se origina da alienação e massificação que prevalecem até em pessoas que frequentam escolas em função da baixa formação que recebem. Tais circunstâncias geram egoísmo e comodismo levando ao embrutecimento espiritual e moral, tão bem produzidos por uma cultura consumista, embasada exclusivamente pelo poder econômico, muitas vezes, estritamente ligado à área política.

Para se combater problemas como a desigualdade social, a corrupção, a violência, a recessão e tantos outros, é necessário mais que a simples indignação. O percurso passa pela organização cada vez maior da sociedade civil e pelo exercício concreto da cidadania, também no cumprimento de se exigirem posturas compatíveis com as necessidades fundamentais da população, garantindo-lhe seus direitos básicos, sustentáculo da vida social.

Como já se disse, a solidariedade e a capacidade de reivindicar são armas poderosas e imprescindíveis, que nos outorgam a convicção de que, apesar das adversidades, somos e devemos ter capacidade de resistir a uma dominação que só privilegia poucos. A sociedade precisa se decidir de vez a cobrar menos improviso e mais planejamento de seus governantes e estes, ouvirem o clamor por mais eficácia.

Por outro lado, patriotismo não é só ufanismo em vitórias da seleção de futebol ou de vôlei, nem tão pouco só em momentos de comoção nacional, como da morte de Eduardo Campos. Ele principalmente se consolida com sentimento, ação, idealismo, bravura, abnegação e esforço. Mas é também realismo, lealdade, esforço, e concretiza-se no exato cumprimento do dever, na solidariedade e na responsabilidade.

Cada cidadão, por isso, precisa fazer a sua parte, privilegiando a ética nos seus próprios atos e cobrando o máximo de seriedade dos governantes e das instituições, de forma permanente e participativa. Entendemos que uma Nação só atuará com determinação própria e com concreta independência, quando todos tiverem seus direitos assegurados, com livre acesso, sem quaisquer distinções ou restrições aos legítimos e inalienáveis instrumentos concernentes à dignidade humana, pondo-se fim à enorme exclusão social, à grande concentração de renda nas mãos de poucos e à privação para a maioria, dos bens mais primários.

João Carlos José Martinelli

Advogado, escritor, jornalista e professor universitário. Vice-presidente da Academia Jundiaiense de Letras e da Academia Jundiaiense de Letras Jurídicas.


Envie seu Comentário